terça-feira, 10 de abril de 2012

~ Liberdade É Tudo! ~



Havia certa vez um rei da Índia que foi visitado por um homem santo errante. Para demonstrar seu respeito, o rei ofereceu ao homem santo todo tipo de comida e bebida, das mais preciosas. Seu cajado e tigela de mendicante lhe foram retirados, e túnicas novas de seda trazidas para cobrir seu corpo. Deram-lhe uma cama com colchão de penas para dormir e numerosos criados para atenderem a seu menor desejo.

Um dia, durante um banquete, com toda a corte reunida, o rei anunciou que nomearia o homem santo seu primeiro-ministro.

'Ah, mas não posso aceitar.' - disse o homem santo.

'Por que não?' - perguntou o rei - 'Serás o homem mais poderoso do reino, salvo eu mesmo.'

O homem santo respondeu: 'Mas já sou mais poderoso do que você.' E, diante dessa afronta, o zunzunzun da corte parecia uma casa de vespas. 'Não tenho intenção de ofender Vossa Alteza', continuou o homem santo. 'E para demonstrar-lhe o quanto fiquei comovido por sua oferta, eu lhe darei satisfeito todo o meu poder. Siga-me.'

O homem santo pediu seu cajado e a tigela de mendicante e, sem outra palavra, afastou-se da corte.

O rei não conseguia chegar à conclusão se estava mais curioso ou zangado com a audácia do velho mendicante. Porém, no fim, sua curiosidade levou vantagem. Ele vestiu roupas de viagem e seguiu a pé o homem santo.

Era uma bela manhã, e o rei sentia prazer na viagem, que durou até o cair da noite. Os dois viajantes cansados dormiram ao lado de um riacho, debaixo da lua cheia, e bem de manhãzinha já estavam acordados.

'Falta muito para chegarmos?' - perguntou o rei, um tanto ansiosamente. Sentia-se cansado e durante a noite começara a pensar em seus inimigos lá na corte. O homem santo não disse nada e continuou a caminhar. Assim prosseguiram durante dois dias. No terceiro dia alcançaram a fronteira do reino.

'Pare!' - ordenou o rei. 'Preciso voltar.'

'Por quê?' - perguntou o homem santo. 'Aquilo que desejo lhe mostrar se encontra a apenas um passo de distância.'

O rei retrucou: 'Não posso prosseguir. Se eu cruzar minha fronteira, meu trono será usurpado por meus inimigos.'

O homem santo aquiesceu com a cabeça. 'Eu lhe disse que tinha um poder com o qual você nem sequer sonhava, e ei-lo aqui: posso abandonar este reino, enquanto você, seu monarca, não pode. Se quiser meu poder, siga-me.

Mas, o rei não podia. Com um sorriso no rosto, o homem santo cruzou a fronteira, um espírito livre, deixando o rei abatido voltar ao seu palácio.

(Texto extraído do livro O Retorno de Merlim, de Deepak Chopra)

 

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