terça-feira, 1 de novembro de 2011
~ Food for Thought ~
Frágil átomo perdido num ponto imperceptível do infinito, o homem acreditou alcançar com o seu olhar o espaço universal, quando, muito mal, podia contemplar a região que habitava; ele acreditou estudar as leis de toda a Natureza, quando suas apreciações tinham atingido apenas as forças em ação ao seu redor; ele acreditou determinar a grandeza do céu, quando se consumia na determinação de um grão de poeira. O campo de suas observações é tão exíguo que o espírito tem dificuldade para reencontrar um fato perdido de vista; o céu e a Terra do homem são tão pequenos, que a alma em seu voo, não tem tempo de estender suas asas antes de chegar aos últimos lugares acessíveis à observação.
O Universo incomensurável nos rodeia em todas as partes, ostentando riquezas desconhecidas além dos céus, pondo em ação forças inapreciadas, desenvolvendo modos de existência inconcebíveis para nós, e propagando, ao infinito, o esplendor da vida.
E o 'ciron', miserával ácaro, privado de asas e de inteligência, cuja triste existência se consome sobre a folha que lhe deu nascimento, pretendia - porque caminhava alguns passos naquela folha agitada pelo vento - ter o direito de falar sobre a árvore imensa a que pertencia, árvore da qual ele apenas percebeu a sombra; loucamente ele imaginava poder discorrer sobre a floresta de onde sua árvore faz parte e discutir sabiamente sobre a natureza dos vegetais que nela se desenvolvem, dos seres que a habitam, do Sol longínquo cujos raios ali descem algumas vezes para levar o movimento e a vida?
Em verdade, o homem seria estranhamente pretensioso ao querer avaliar a grandeza infinita ao pé de sua pequinez infinita!
Ele também deve estar bem compenetrado de que, se os áridos trabalhos dos séculos passados lhe proporcionaram o primeiro conhecimento das coisas, se o progresso do espírito o colocou à entrada do saber, ele nada mais fez que soletrar a primeira página do livro; ele é, como a criança, suscetível de se enganar a cada palavra, e, longe de pretender interpretar a obra doutoralmente, deve contentar-se em estudá-la com humildade, página por página, linha por linha. Felizes ainda, aqueles que podem fazê-lo.
(Texto extraído do livro A Gênese, Allan Kardec)
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