domingo, 23 de outubro de 2011

~ Viajar pela Vida ~


Ao visitar algum monumento embemático de uma cidade, nunca lhe chamou a atenção ver um grupo de turistas que acompanham o dedo indicador do guia e correm para bater a mesma foto no mesmo segundo? Reparou como, no fim da visita-relâmpago, sintética e comprimida a esse monumento, o grupo todo corre atrás de um guarda-chuva fechado ou de uma bandeirinha? Dirigem-se a um ônibus que os levará rapidamente ao ponto seguinte do itinerário, ao próximo edifício emblemático ou ao próximo museu.
Parece que o importante são as fotografias, para provar que se esteve ali. Como chegar, ou no que está atrás do monumento ou à sua volta, os ruídos que há, os matizes variáveis da luz ao longo do dia, o cheiro do lugar ... tudo isso são aspectos secundários. Basta a foto.
Muitas vezes, a vida se compara à uma viagem. Pode-se optar pelo turismo organizado - que garantirá ver dez capitais européias em duas semanas. Ou, uma viagem por conta própria - o que eu sempre faço, pois tem mais a ver comigo. Eu sei exatamente onde a viagem começa, porém ignoro onde ela terminará. Depende do que eu encontrar no caminho. O certo é que eu procuro saborear, com todos os sentidos, os lugares por onde passo e as pessoas que ali conheço.
Nesse tipo de viagem sem pauta determinada e sem dedos que quase obrigam a olhar para onde todo mundo olha, a pessoa tem a probabilidade de encontrar esses pequenos prazeres, esses momentos de felicidade que se tornam sitiuações agradáveis, apesar de sua simplicidade e cotidianidade. Fazem com que nos sintamos bem, como se fossem um placebo qualquer.
'Aprender a deixar-se embalar pelos placebos da vida é, definitivamente, aprender a viajar pela vida, vivendo-a.'
Os placebos da vida, junto com outra grande aliada - a criatividade - contribuem para que percebamos o mundo de uma maneira mais intensa, para que o vivamos de um modo mais particular. Não como os turistas que se deslocam em massa atrás de um guia com um guarda-chuva levantado, só olhando para aquilo que aponta o indicador do seu pastor.
Valorizar essas pequenas grandes coisas - os prazeres minúsculos, os placebos pessoais - e tentar ser criativos em tudo que fazemos, nos permite modular a reação perante os estímulos nem sempre agradáveis que recebemos de nosso ambiente. Definitivamente, além de nos ajudar a evitar as respostas mecânicas e previsíveis, essa atitude contribui para nos tornarmos mais livres, porque nos dá segurança frente à inevitável incerteza da vida.

(Texto extraído do livro Pequenas Grandes Coisas, adaptado por Marcinha)

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