quinta-feira, 24 de novembro de 2011

~ Egoísmo e Orgulho ~


É bem sabido que a maior parte das misérias da vida tem sua origem no egoísmo dos homens. Desde que cada um pensa em si, antes de pensar nos outros, e quer a sua própria satisfação antes de tudo, cada um procura, naturalmente, proporcionar-se esta satisfação a qualquer preço, e sacrifica, sem escrúpulo, os interesses de outrem, desde as menores coisas até as maiores, na ordem moral como na ordem material; daí, todos os antagonismos sociais, todas as lutas, todos os conflitos e todas as misérias, porque cada um quer afastar, com intrigas, seu vizinho.
O esgoísmo tem sua origem no orgulho. A exaltação da personalidade leva o homem a se considerar acima dos outros; julgando-se com direitos superiores, melindra-se com tudo o que, segundo ele, é um golpe contra os seus direitos. A importância que, por orgulho, dá à sua pessoa, torna-o naturalmente egoísta.
O egoísmo e o orgulho têm sua origem num sentimento natural: o instinto de conservação. Todos os instintos têm sua razão de ser e sua utilidade, porque Deus nada pode ter feito de inútil. Deus não criou absolutamente o mal; é o homem que o produz pelo abuso que fez dos dons de Deus, em virtude do seu livre-arbítrio. Este sentimento, encerrado nos justos limites, é bom, portanto, em si mesmo; é o exagero que o torna mau e pernicioso; assim também se dá com todas as paixões que o homem desvia frequentemente do seu objetivo providencial. Deus não criou o homem egoísta e orgulhoso: criou-o simples e ignorante; é o homem que se faz egoísta e orgulhoso, exagerando o instinto que Deus lhe deu para sua conservação.

(Texto extraído do livro Obras Póstumas, de Allan Kardec)

Nenhum comentário:

Postar um comentário