quinta-feira, 29 de março de 2012

~ Coisas São Só Coisas ~



Estamos vivendo a doença do muito. As pessoas estão viciadas no excesso e não têm tempo nem para pensar no que realmente querem. Vão comprando e vão acumulando. Num dia é a pasta de dente pro cachorro, no outro o sapato que vai sair uma única vez do armário. Todos ficam esquecidos nos armários - uma espécie de limbo em casa. Além de eletrodomésticos, há as roupas ainda com etiqueta que jamais serão usadas, cremes para o rosto que provocam reação alérgica, e por aí vai.
Se as pessoas olhassem com mais atenção para suas casas superlotadas, se observassem tudo que está ali dentro, talvez comprassem menos.
O que leva muita gente a consumir é a falta de contato com as próprias coisas. A pessoa se esquece do que tem e, com a sensação de não ter, acaba comprando mais. Estímulos não faltam: além da oferta imensa de produtos, nunca houve tanta publicidade e tanta facilidade de crédito. E muitos não resistem à essa gama de tentações.
A questão do uso cada vez menor do dinheiro vivo como forma de pagamento também contribui para estimular as compras desnecessárias; ou seja, ao pagar com cartões e cheques, a pessoa não sente que está gastando.
Na base desse consumo exagerado está a insatisfação permanente do ser humano, a sensação de que sempre falta algo. É ela que deixa as pessoas mais vulneráveis aos apelos do marketing, que faz as pessoas irem atrás das ilusões.
Para lidar com essa loucura toda, é necessário o caminho do autoconhecimento. Ele ajuda a entender que as pessoas jamais vão sentir aquela satisfação plena que buscam, muito menos consumindo. Sobre o prazer possível, as pessoas devem embarcar em formas mais criativas de buscá-lo e investir nos relacionamentos pessoais - amigos, filhos, colegas de trabalho - porque são eles que realmente nos enriquecem interiormente.
A relação com o consumismo é clara: quanto mais pobre for a sua vida interior, mais necessidade de ter coisas você vai sentir.

Coisas são só coisas
servem só pra tropeçar
têm seu brilho no começo
mas se viro pelo avesso
são fardo pra carregar.


(Texto de Leila Ferreira, adaptado por Marcinha)

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